top of page
Buscar

Opiniões pré-históricas sobre liderança feminina no século XXI: vamos evoluir?

Foto do escritor: SunêSunê

Atualizado: 21 de set. de 2024

Imagine um dinossauro usando o computador, tentando se atualizar. Esse cenário poderia ser apenas uma arte divertida, mas infelizmente se assemelha a certas visões que insistem em permanecer na pré-história. Foi o que vimos recentemente com o comentário infeliz de Tallis Gomes, ex-CEO e fundador da G4 Educação, ao declarar “Deus me livre de mulher CEO.” A fala provocou revolta nas redes sociais e acabou resultando em sua renúncia. Mas o que essa situação realmente nos diz sobre o estado atual da liderança feminina e o machismo nas esferas de poder?

Opiniões jurássicas não têm mais lugar no mundo moderno.

A Pré-História Corporativa
Quando um líder empresarial diz algo como “Deus me livre de mulher CEO,” é impossível não questionar o quão atrasado está o debate sobre igualdade de gênero em cargos de liderança. As declarações de Gomes evocam pensamentos que, assim como os dinossauros, deveriam estar extintos. Há décadas, mulheres lutam para provar sua capacidade em liderar empresas, gerenciar equipes e inovar mercados. E mesmo diante de exemplos poderosos, como o de Luiza Helena Trajano, Tarciana Medeiros e Gabriela Onofre, ainda existem mentalidades que tentam minimizar essas conquistas.
A decisão de renunciar veio acompanhada da nomeação de Maria Isabel Antonini, sócia e CFO da G4, para o cargo de CEO. Apesar de ser um avanço necessário, o fato de que isso só ocorreu em resposta à pressão social mostra o quanto o ambiente corporativo pode ser reativo ao invés de proativo.

O Impacto das Palavras
As palavras de Tallis Gomes refletem um pensamento que vai além de uma simples opinião pessoal: elas são um sintoma de um problema estrutural. O machismo presente em seu discurso revela uma visão de mundo onde o lugar da mulher continua sendo restrito ao espaço doméstico, conforme ele tentou justificar, atribuindo à "energia feminina" o papel de manter o lar e a família. Esse argumento ecoa ideias ultrapassadas e ignora a capacidade das mulheres de equilibrar múltiplos papéis, tanto na esfera pública quanto na privada.
O fato é que Gomes não está sozinho. Sua visão é partilhada por muitos em posições de liderança, que acreditam que cargos executivos e de poder não combinam com a "natureza" feminina. Essa perspectiva enraizada no machismo estrutural é o que impede avanços mais profundos na igualdade de gênero. Se não há mais espaço para dinossauros no mundo moderno, por que ainda há espaço para essas ideias jurássicas?

A Evolução Necessária
A saída de Tallis Gomes do comando da G4 Educação não apaga o impacto das suas palavras, mas abre caminho para reflexões mais amplas sobre a importância da diversidade de gênero nas lideranças. Como consumidores, colaboradores e empreendedores, temos a responsabilidade de não só criticar declarações como essa, mas também incentivar empresas que promovam verdadeiramente a inclusão e a igualdade.
Estamos em uma era onde as habilidades de liderança não estão ligadas ao gênero, mas ao talento, visão estratégica e capacidade de adaptação ao mundo em constante mudança. Empresas que continuam a operar com mentalidades arcaicas estão, na verdade, sabotando seu próprio sucesso a longo prazo.

Capitalismo de Stakeholders: Mulheres Lideram
O conceito de "capitalismo de stakeholders" — onde empresas são avaliadas não apenas pelo lucro, mas também pelo impacto social e ético de suas práticas — está ganhando espaço. E a liderança feminina é uma peça-chave nesse cenário. Diversos estudos mostram que empresas com diversidade de gênero em seus conselhos e cargos de liderança têm desempenho superior em termos de inovação, retenção de talentos e lucratividade. Ignorar esses fatos é permanecer preso no passado.

As falas de Tallis Gomes sobre mulheres CEOs são mais um exemplo de como o machismo persiste em ambientes corporativos. No entanto, ao sermos confrontados com essas declarações, temos a oportunidade de avançar, promover diálogos e garantir que as gerações futuras encontrem um ambiente mais justo e inclusivo. Afinal, o mundo já não pertence mais aos dinossauros — e o futuro, definitivamente, será liderado por quem está disposto a evoluir.

 
 
 

Comments


bottom of page