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O futuro da música com Inteligência Artificial

Foto do escritor: SunêSunê

Nos últimos meses, a música gerada por inteligência artificial (IA) entrou em um momento decisivo. Em 24 de junho, as startups Suno e Udio, líderes na criação de ferramentas para gerar músicas a partir de prompts em segundos, foram processadas por grandes gravadoras como Sony Music, Warner Music Group e Universal Music Group. As gravadoras alegam que as empresas utilizaram músicas protegidas por direitos autorais em seus dados de treinamento, o que permitiu que seus modelos de IA produzissem músicas que imitam gravações humanas de forma “quase inimaginável”.

A resposta das startups foi rápida, destacando seus esforços para garantir que seus modelos não imitem obras protegidas por direitos autorais. No entanto, nenhuma delas esclareceu se seus conjuntos de treinamento contêm músicas protegidas. A Udio, por exemplo, afirmou que seu modelo aprendeu com uma vasta coleção de músicas, enquanto o CEO da Suno, Mikey Shulman, defendeu que seu conjunto de treinamento é “padrão do setor e legal”.
O caso em questão não é surpreendente; disputas legais sobre dados de treinamento se tornaram um rito de passagem para empresas de IA generativa. Entretanto, a situação é mais complicada no universo da música do que em áreas como texto ou imagens. As opções para contornar ações judiciais são mais limitadas, pois a música em domínio público é escassa, e os direitos de uso são muito mais concentrados nas mãos das três maiores gravadoras.


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A Dinâmica do Mercado Musical com IA
O gerador de música da Suno, lançado há menos de um ano, já conta com 12 milhões de usuários e uma recente rodada de financiamento de US$ 125 milhões. Em contraste, a Udio, que estreou em abril com US$ 10 milhões de investimentos, já enfrenta um desafio significativo com as gravadoras. Os especialistas afirmam que os processos contra essas startups são mais robustos do que os enfrentados por outras empresas de IA.
O professor de direito digital James Grimmelmann destaca que o processo contra a Suno e a Udio apresenta desafios adicionais, já que as gravadoras alegam que suas ferramentas são mais imitativas do que criativas. Isso significa que os resultados gerados por essas plataformas podem reproduzir o estilo de artistas cujas músicas são protegidas por direitos autorais.
Existem três possíveis desfechos para este caso. O primeiro seria uma vitória total para as startups, onde os tribunais determinariam que não houve violação de direitos. O segundo cenário poderia envolver uma decisão favorável às startups em relação ao uso de dados, mas com exigências mais rigorosas em relação à produção de resultados. A terceira possibilidade, mais drástica, implicaria que as empresas não poderiam utilizar músicas protegidas sem licenças, levando-as a reestruturar seus modelos e suas operações.
À medida que as gravadoras buscam proteger seus direitos, o presidente da Recording Industry Association of America, Mitch Glazier, sugere um futuro baseado em licenciamento. Essa transição poderia refletir o que já ocorreu com empresas de IA focadas em texto, como a OpenAI, que estabeleceu acordos de licenciamento com várias editoras de notícias.

Se as startups de IA forem forçadas a licenciar suas ferramentas a partir de catálogos de gravadoras, o mercado pode se tornar dominado por empresas com mais recursos financeiros. Nesse cenário, as opções de desenvolvimento de modelos de IA musical sem financiamento poderiam ser drasticamente limitadas.
A solução pode parecer simples: utilizar apenas músicas de domínio público. Contudo, essa abordagem enfrenta seus próprios desafios, como a falta de variedade e qualidade nas músicas disponíveis.
O que está em jogo não é apenas o futuro das startups, mas também o modelo de negócios da música gerada por IA como um todo. À medida que essa situação se desenrola, o setor acompanhará de perto os desdobramentos legais que poderão moldar o futuro da criatividade musical na era digital.
Na Sunê, continuaremos a monitorar esses desenvolvimentos e a explorar as implicações da IA na música, sempre com um olhar atento para as oportunidades e desafios que surgem nesse espaço inovador.
 
 
 

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